22 de fevereiro de 2011

A desvalorização do fotógrafo pelo fotógrafo

   Já há algum tempo venho pensando em fazer uma postagem sobre esse assunto mas me faltava inspiração, e principalmente, experiência no ramo já que não sou muito afeito a fotografia profissional. Apesar de já ter trabalhado em vários eventos, não gosto, não sinto prazer em trabalhar com fotografia. E essa postagem é dedicada aos novos fotógrafos que vem surgindo e tem alguns muito bons que frequentam o blog.

   Encontrei o texto do fotógrafo Cid Costa Neto, que fala exatamente o que eu penso e exprime o sentimento de indignação em relação a algumas ideias e práticas realizadas no atual mundo da fotografia. Segue a reprodução na íntegra do texto divulgado no blog do próprio Cid, http://cidcostaneto.blogspot.com/

   "A chegada da era digital na Fotografia trouxe consigo diversas facilidades para o fotógrafo. A agilidade na edição, armazenamento da imagem, bem como na sua cópia e muitas outras facilidades que agora não convém citar. O importante é perceber que essa facilidade trouxe também uma maior possibilidade ao erro. Antigamente, errar custava caro, perdia-se filme e muito tempo. Hoje em dia o erro parece menos significante, pois no digital, além da possibilidade de fazer e refazer várias fotos, é possível constatar imediatamente o erro (antes era necessária a revelação e então, já era tarde demais).

  Em todos esses aspectos, não há duvida que a fotografia digital veio para agregar e contribuir com o fotógrafo, mas percebo que e esse volume exacerbado que ela oferece tem prejudicado muito o mercado profissional. O volume de fotos tornou-se muito maior e passou a ser comum alguns fotógrafos oferecerem centenas de imagens como resultado de um único ensaio.

   Essa prática, no entanto é extremamente prejudicial, pois cria a idéia de que o importante  no produto fotográfico é a quantidade e não a qualidade do serviço. O consumidor virá até o meu estúdio, esperando levar para casa centenas de fotos "meia-boca", ao invés de poucas dezenas devidamente bem tiradas e editadas com perfeição.

   O surgimento recente de sites de compra coletiva veio então reforçar esse conceito. Outro dia vi uma oferta no Peixe Urbano que me deixou assustado. Books com 200 fotos "tratadas" por R$140,00. Sem considerar que as vezes até 50% desse valor vai para a comissão do site, isso significa que cada foto está sendo comprada a R$1,42. Hoje fiquei sabendo de uma outra promoção, dessa vez pelo Groupon, onde 200 fotos saem por R$69,00. Ou seja, 34 centavos cada foto! Com esse valor não é possível pagar os custos do próprio ensaio! Que dirá então os custos mensais, investimento e alimentação... Sim, fotógrafo também tem que comer! Basta colocar tudo na ponta do lápis para perceber o que estou falando.

    Ainda não consigo compreender, como conseguem "tratar" 200 fotos. Com toda minha agilidade de edição, não consigo gastar menos de 15 minutos em cada foto. Ou seja, 20 fotos a cada 5 horas. Será que sou muito lento ou estão chamando o simples processo de revelação digital (equalização) da imagem, que é feito em lote, de tratamento?

   Nunca fui contra a diferença de preços em qualquer mercado, pois acredito que cada um leva aquilo que paga. Se você não tem grana pra pagar um serviço com excelência, pague por outro menor. Até aí tudo bem, mas práticas como essa desvalorizam o próprio trabalho de quem o faz e desprestigia toda uma classe de profissionais.

   Deixo aqui o meu desabafo e espero sinceramente que esses "profissionais" repensem o valor de seu próprio trabalho."

    Acessem o site que tem Cid Costa Neto como editor: http://www.resumofotografico.com/ e apreciem o seu trabalho: http://www.cidcostaneto.com.br/ Muito obrigado pela autorização em reproduzir esse texto que precisa chegar ao maior número possível de pessoas interessadas no assunto.

13 comentários:

  1. Concordo ainda no outro dia li, já não sei aonde, que a era digital dá-nos a possibilidade de corrigirmos o erro imediatamente, podendo tirar um valor exagerado de fotos. Mas também li que as pessoas têm que saber seleccionar as fotos que tiram.

    Eu este fim de semana saí para fotografar e cliquei 300 vezes mas acabei por apagar umas 200, tendo apenas 6 ou 7 fotos que considero boas relativamente ás minhas capacidades como fotógrafo.

    Acho que temos de avaliar as fotografias que tiramos e perceber que mais vale imprimir poucas e pagar um pouco mais, mas com boa qualidade, do que imprimir muitas baratas a preço baixo.

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  2. Já diria Boris Casoy: Isso é uma VERGONHA!

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  3. Concordo tanto com o texto, quanto com o comentário acima do Diogo. O mercado fotográfico em relação à álbuns, não digo em sua totalidade, visa somente o lucro e não a qualidade. E não é esse o verdadeiro valor que a fotografia merece.

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  4. A arte de fotografar tem que ser respeitada!!!

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  5. A banalização da fotografia e a desvalorização do profissional que realmente leva a sério o que faz estão em "alta"...

    Triste... =/

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  6. Concordo em grau, numero e gênero com o que acabei de ler e consequentemente aprender com essa matéria e seus respectivos comentários. Para quem tem laboratório fotográfico p&b, equipamento Pentax com 4 lentes fixas, hoje, ter que concorrer com uma foto de celular por exemplo é o final dos tempos. Gostei muito de ter encontrado esse blog, bem como pessoas que também pensam como eu. Valeu!!! Fernando Barbosa e Silva

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  7. Olá Fernando, obrigado pela presença no blog.

    Hoje em dia a concorrência está muito maior, temos que nos reinventar para continuarmos vivos no mercado...

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  8. Obrigado pelo retorno Rodrigo Jordy, gostei do blog e como já disse estarei aprendendo com as informações aqui contidas e melhor ainda será estarmos mantendo esse intercambio atraves das ideias, valores e qualidades.

    Abraços,
    Fernando Barbosa e Silva

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  9. Por falar em intercambio, informo-lhe que estarei compartilhando essa matéria no meu face book como forma de divulgar seu trabalho, orientar novos fotógrafos, bem como estar deixando claro para quem vive pensando que temos a obrigação de trabalharmos de graça. Não posso e nem tenho nada a reclamar do meu momento analógico. Conquistei muito espaço com meu trabalho para o teatro mineiro, mas em tempos digitais, você disse tudo.

    Grato,

    fbs./*

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  10. Que bom, Fernando. Só avise ao autor do texto que irá compartilhar essa matéria, ele é um dos parceiros do blog.

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  11. Há alguns anos, deixei de lado a carreira de DJ por justamente acontecer o mesmo: BANALIZAÇÃO, devido ao MODISMO de certas profissões.

    Sou técnico de informática e estou iniciando na fotografia há pouco tempo. Como tudo o que faço, procuro ler, estudar e observar muito.

    Vivemos em uma sociedade que o consumismo está em alta (principalmente em nosso país).

    Tenho perdido trabalhos para "profissionais" que trabalham por muito pouco (ou até mesmo de graça). O que temos que fazer é nunca parar de ESTUDAR, PESQUISAR, APERFEIÇOAR e ACOMPANHAR A TECNOLOGIA pois, esses profissionais que fazem "barato", um dia não terão mais o mercado ou ficarão eternamente no "mercado popular". Estarão confinados a mesmice do dia a dia e da baixa qualidade.

    Para os que estão sempre pesquisando, acompanhando o que acontece no mercado e procurando se especializar cada vez mais, sempre terão oportunidades!

    Abraço a todos

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    1. Eu penso exatamente assim, Wagner. Quem está sempre se atualizando tem mercado garantido se tiver paciência, quem é apertador de botão, um dia cai a máscara.

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