18 de fevereiro de 2013

Profissional ou semiprofissional - Parte 5

   Essa série de matérias já virou algo genérico, é quase que um "off-topic" do blog pois sempre surge algum assunto fora da área de equipamentos (mas não tão fora assim). E hoje vou falar sobre algumas escolhas erradas que fotógrafos iniciantes vem fazendo, pecando tanto por omissão quanto por excesso. É preciso saber balancear os gastos pois fotografia é uma coisa cara, seja por hobby ou por profissão. O texto é grande...
Imagem retirada do site do Colégio São Mauro
   Muitas das pessoas que frequentam fóruns de fotografia procurando ajuda, ou mesmo aqui o blog, já chegam no mundo da fotografia pensando em trabalhar e ganhar dinheiro com isso. Quase sempre se pensa em fotografar eventos e books e são ótimas formas de se aventurar neste meio. Ótimo, é a profissão da moda, todo mundo quer trabalhar com fotografia e mesmo que o mercado esteja saturado, os bons sempre sobressaem mas há três coisas importantes que devem ser levadas em conta ao pensar na fotografia como profissão:
  • É preciso ter um equipamento condizente com o trabalho que pretende fazer
  • Obrigatório investir em conhecimento, pois não adianta ter o equipamento e não saber usar
  • Os primeiros dois anos você trabalha para se sustentar e comprar equipamento, não há lucro
   Vou focar esta postagem na questão da escolha do equipamento certo que é a mais complicada, por incrível que pareça, pois há muitas pegadinhas que os fabricantes e a mídia impõem ao consumidor e as nomenclaturas "profissional" e "semiprofissional" possuem grande parcela de culpa nisso. As câmeras grandes e imponentes, com ar de profissional, em muitos casos estão longe de serem adequadas para a fotografia profissional. E para quem acha que milagrosamente comprando uma câmera de 500 reais se tornará um fotógrafo profissional, esse é o primeiro passo para o fracasso.

GE X500, câmera grande e imponente mas inadequada para uso profissional
   As principais câmeras que os aspirantes a fotógrafos profissionais pensam são as Fuji série S, GE série X, Olympus SP e SZ e Nikon série L. Por quê? Porque são grandes, chamam atenção e são baratas. E a qualidade de imagem? Deixa a desejar. As Olympus SP e SZ além das Nikon série L são totalmente automáticas, não possuem nada diferente de pequenas câmeras de 200 reais, são apenas grandes e possuem um longo alcance. As Fuji série S já estão num nível mais acima pois possuem controles manuais mas estes controles são limitados e, em algum momento, irão limitar o usuário. As GE série X também possuem os controles manuais, e totais, mas não é e nunca foi fabricante de câmeras ou lentes, entrou agora no mundo da fotografia digital e não há parceria com nenhuma grande marca relacionada à fotografia então, pelo menos a curto prazo, não há expectativa de que a GE venha a produzir boas câmeras.
Fuji HS50, bem superior ao modelo da GE mas ainda inadequada
   Então, se você pensa em começar na fotografia já ganhando dinheiro, fotografando profissionalmente, não deve pensar em nenhuma destas câmeras do parágrafo anterior. Mas, vamos aumentar de nível: temos as Canon SX, Panasonic FZ, Sony HX, Nikon P e Fuji HS. Todas com controles manuais totais e qualidade de imagem mais aceitável mas, esbarram no tamanho do sensor, as câmeras são grandes mas os sensores são pequenos e como o sensor é um fator determinante para a qualidade da câmera, estas câmeras também não servem para o uso profissional.
Exemplo de compacta premium superior a todas essas câmeras grandes mas pequena ninguém quer
Aumentando o nível mais uma vez temos as compactas premium, com sensores maiores mas, como se tratam de câmeras pequenas, nem passam pela cabeça dos fotógrafos aspirantes, não chamam atenção. Elas são melhores do que qualquer superzoom dessas grandes mas, infelizmente, ainda não são elas que darão os recursos necessários para a fotografia profissional. O sensor delas é maior mas ainda é muito pequeno para gerar uma qualidade em que seja possível usar um ISO mais alto sem correr o risco de estragar a foto.
Canon T4i, boa opção de reflex de entrada
   O nível acima destas câmeras compactas seriam as reflex, e aqui excluo as mirrorless por não possuírem grande penetração no mercado nacional. Uma reflex de entrada é o mínimo necessário para ingressarem na fotografia profissional. Dá para encontrar uma nova, na loja, a partir de 1.200 reais, o que é um preço bem razoável. Há 5 anos atrás não era tão barato assim e o acesso a este tipo de câmera era bem mais restrito às camadas mais altas da sociedade. Exemplos mais atuais de câmeras reflex de entrada são Canon T3, T3i e T4i, além de Nikon D3100, D3200, D5100 e D5200. Todas ótimas opções mas é bom ressaltar que são câmeras de entrada e como eu disse no início do parágrafo, são o mínimo necessário.
Nikon D600 é uma boa opção para profissionais mais experientes
   Agora que já se sabe o mínimo necessário para uma câmera é preciso pensar nos acessórios e o mais importante é o flash externo, afinal, não vamos usar o flash pop-up (que não é possível direcionar) apontando direto para o rosto das pessoas cegando-as a todo momento. Um flash externo pode ser adquirirdo por cerca de 800 reais. E não vamos nos esquecer da bateria extra da câmera, dois cartões de memória, carregador de pilhas e dois jogos de 4 pilhas para o flash. Tudo em dobro, sempre. Nunca corram risco de algo ser danificado e ficar na mão no meio de um trabalho. E no final, uma bolsa pra carregar toda a parafernália.
Flash Metz 48 AF-1 é o que possuo, há quem a chame de  "a Leica dos flashes"
   Somando a câmera, o flash e os acessórios todos dá cerca de 2.500 reais, isso só em equipamento! E o conhecimento? Agora entra em ação o que disse no segundo tópico das coisas importantes para os futuros profissionais da fotografia. Cursos, workshops e publicações especializadas em fotografia são obrigatórios e aí, há várias opções, depende de que área da fotografia pretende atuar. Separando 500 reais já dá pra adquirir ótimo conhecimento inicial mas nunca é o suficiente, é preciso investir sempre. Total dessa "brincadeira": 3 mil reais. Com essa quantia já dá pra começar a se aventurar na fotografia profissional. Se não investir em conhecimento será apenas um apertador de botão, nunca um fotógrafo profissional.
Tenho o Novo Manual de Fotografia de John Hedgecoe e recomendo
Mas lembram que eu falei que era bom ter tudo em dobro? Então, com o tempo terá que se preparar para adquirir uma segunda câmera, uma segunda lente e um segundo flash mas isso é com o tempo. Isso engloba o que eu disse no terceiro tópico das coisas importantes ao investir na fotografia como profissão: os primeiros dois anos (talvez até menos) são para investir em equipamento e se sustentar, nada de lucro. O lucro deve ser pensado apenas a médio e longo prazo.
É preciso ter um bom investimento inicial, fotografia é coisa séria
   Há também os que pecam por excesso, em vez de economizarem querem gastar mais do que o necessário, e o pior: gastar errado. Tem gente que já quer começar com Canon 7D ou Nikon D300 ou até uma full frame como Canon 5D Mark II ou Nikon D700. Sempre é melhor investir em lentes de qualidade em vez de gastar tudo no corpo pois as lentes ficam, os corpos se vão, você tá sempre evoluindo e um dia chega nesse nível. Mas não se sobe uma escada começando pelo último degrau.
Rebatedor entra na lista dos acessórios indispensáveis para books/ Equifoto
   Sei que esta postagem irá desencorajar alguns a se aventurar na fotografia profissional mas a verdade é essa: se não tem o mínimo para investir então desista mesmo. E se está pensando em ter lucro imediato, desista também, isso não existe na fotografia. Lógico que tudo o que eu disse em toda esta postagem se refere às pessoas que nunca usaram uma câmera mais avançada e já querem começar na fotografia trabalhando, ganhando dinheiro. Há muitas pessoas que seguem o caminho correto, compraram suas câmeras, investiram em cursos, começaram a pegar pequenos trabalhos, foram melhorando seus equipamentos aos poucos, depois começaram a pegar trabalhos mais pesados e aí começam a colher os frutos das escolhas corretas. O lucro começa a aparecer mas não depois de muita ralação e muito dinheiro saindo do bolso...
Equipamento que levei 3 anos pra juntar
   Nada do que está escrito aqui é verdade absoluta, é apenas a opinião de um fotógrafo amador que já se aventurou profissionalmente mas preferiu seguir fotografando por hobby. E há diversas situações que não se encaixam aqui, então peço que tenham bastante atenção ao interpretarem o que há neste enorme texto.

Links das postagens anteriores da série:

11 comentários:

  1. essas cãmeras com ar de profissional são ridiculas mesmo. Uma dúvida , porque eu pegaria uma cãmera tipo a sx40 ou uma g12 , seu posso pegar uma d3100 ou t3i pelo mesmo preço? ainda compraria uma 50mm de cara.

    Jefferson

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    1. Na situação descrita nesta postagem não há motivo para uma G12 ou SX40, teria que ser reflex mesmo. Fora isso, há outras situações em que há usuários que não sentem necessidade de ter uma reflex.

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  2. Não existe câmera profissional, existe fotógrafo profissional.

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  3. Que lentes são essas ? um fotografo profissional consegue fazer fotos excelentes com uma compacta acho que não ? Na minha opinião não existe fotografo profissional sem um equipamento a sua altura, não sei se estou certo, é o que acho.

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    1. Concordo com tudo o que disse. A descrição do meu equipamento todo está aqui: http://www.foto-facil.com/p/perfil.html

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  4. muito esclarecedor, Rodrigo.....parabéns

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    1. Obrigado, fico feliz que esteja gostando do conteúdo do blog.

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