23 de março de 2011

A fotografia no Brasil

Mais uma postagem da parceria com o curso Grande Angular

   A história da fotografia brasileira é muito rica. No nosso país, assim como na França, desde 1830 já havia pesquisas para tentar se fixar a imagem no papel com produtos químicos. É o caso de Hercules Florence, um francês radicado no Brasil que fazia experiências pioneiras na Vila São Carlos (hoje Campinas), com o processo fotográfico.
Em suas pesquisas, ele chegou a uma técnica de impressão que denominou de Poligrafia, processo semelhante ao mimeógrafo. Paralelamente, estudava o efeito da luz na pintura e ocupava-se com a construção de uma câmara escura, com a qual conseguiu fixar algumas imagens. No orifício de abertura, a sua câmara escura tinha a lente de seus óculos, e no interior colocou acoplados um espelho e um pedaço de papel com solução de nitrato de prata.
 
Hercules Florence, o pioneiro na fotografia no Brasil 

Com esta câmara escura, Florence conseguiu registrar a vista de uma janela, com o telhado da casa vizinha e parte do céu. Também captou a imagem da cadeia de Campinas e um busto de Lafayette. Estas imagens foram conservadas por 15 anos com nitidez, porém estas cópias nunca foram localizadas.
Em suas constantes experiências, o francês usou substâncias como a própria urina e amônia para o processamento de imagens, a fim que elas dissolvessem o cloreto de prata não atingido pela luz. Estas pesquisas o fizeram abandonar a câmara escura e experimentar a impressão direta pela ação da luz solar.
Em 1833, Hercules Florence chega aos resultados mais expressivos em suas experiências, marcando esse ano como o da descoberta da fotografia no Brasil.
Florence foi muito a frente. Cinco anos antes do inglês Sir John Herschel, sugeriu o uso do termo Photographie e o verbo Photographier, no decurso das pesquisas.
 Rótulos de farmácia 

Insatisfeito com a qualidade das cópias e o anúncio e reconhecimento da descoberta de Daguerre, Florence interrompeu seus experimentos, deixando registrado em seus manuscritos a seguinte observação: “A bela descoberta de Daguerre não me surpreendeu: Eu a tinha previsto aqui neste deserto oito anos antes.”
Hercules Florence só viria a ser reconhecido em 1976, quando o historiador Boris Kossoy apresentou ao Instituto de Tecnologia de Rochester (EUA) anotações com especificações técnicas relativas aos seus experimentos, como rótulos de farmácia e um diploma maçônico feitos em papel fotossensível. A partir de testes realizados, ficou definitivamente comprovado o pioneirismo de Hercules Florence, no Brasil, como o inventor da fotografia.
Diploma maçônico
Por outro lado, um nobre brasileiro que ouviu falar sobre a descoberta européia trouxe para o nosso país este invento, incentivando a prática e a difusão fotográfica no Brasil - Dom Pedro II. O futuro rei sempre foi um apaixonado pela fotografia, desde que viu os primeiros daguerreótipos. Adquiriu seu primeiro equipamento em 1840, e dois anos depois aprendeu a utilizá-lo, tornando-se o fotógrafo mais novo da América, com 14 anos.
Dom Pedro II, ao longo da vida, se tornou um defensor da fotografia e o maior colecionador particular de fotografias do Brasil. Gostava de retratar pessoas e paisagens.
 Dom Pedro II
Seu pioneirismo inspirou historiadores como Gilberto Ferrez, que assinaram os primeiros capítulos da história da fotografia em nosso país. Desde então, o tema foi ganhando o Brasil, e surgiram muitos Fotoclubes, Escolas de Fotografia, Associações etc. Além de milhares de fotógrafos, entre profissionais e amadores, que não perdem uma boa oportunidade de realizar um belo clique.

4 comentários:

  1. Ótimo post, com certeza!
    Aliás, ele me fez lembrar que uma vez li algo mesmo sobre a paixão que Dom Pedro II tinha por fotografia...

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  2. Não teria sido Marc Ferrez quem fotografou D. Pedro II?

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  3. Provavelmente, pois há relatos de que ele era uma espécie de fotógrafo oficial do império.

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